Estudo analisa uso de exercícios aeróbicos para tratamentos de dependências químicas

 

Sempre ouvimos falar da importância da prática de atividade física para termos uma vida mais saudável. E, nos casos de tratamentos para dependências, isso não é diferente. Apesar de ainda serem poucas as pesquisas que exploram os benefícios do exercício físico em nossa saúde, os estudos existentes são promissores.

Um deles, realizado nos EUA pelo Alpert Medical School of Brown University/Rhode Island Hospital em conjunto com o Buttler Hospital, analisou os efeitos de exercícios aeróbicos dentro do tratamento para dependência química.

O estudo observou 16 participantes ao longo de um programa de doze semanas com intervenção de exercícios aeróbios de intensidade moderada e que tinha como objetivo compreender como as atividades físicas poderiam auxiliar no tratamento.

No período de três meses antecedentes a intervenção do estudo, os participantes informaram que consumiram álcool (81,3%), cocaína (31,3%), maconha (31,3%), opiáceos (12.5%) e sedativos (6.3%). Um mês antes, 63,7% dos participantes revelou ter usado duas ou mais substâncias.

De acordo com os médicos responsáveis pelo estudo, é comum que dependentes químicos também façam uso de álcool e acreditem que continuarão a beber enquanto estiverem em abstinência das drogas.

 

Metodologia

 

Durante doze semanas, os participantes realizaram exercícios supervisionados com sessões em grupo uma vez por semana. Cada intervenção era guiada por um médico, e tiveram um aumento de duração: de 20 minutos iniciais para 40 minutos na última semana.

Em intensidade moderada, as sessões alcançavam entre 55 e 69% da frequência cardíaca máxima dos pacientes (considerando a idade de cada um) sob monitoração antes, durante e após os exercícios.

Cada sessão incluía 5 minutos de aquecimento e 10 minutos de relaxamento para garantir procedimentos de exercícios seguros.

Entre os tipos de equipamento disponíveis para os participantes havia: esteiras, bicicletas ergométricas e elípticos.

Além das sessões em grupo, cada paciente recebia uma rotina personalizada de exercícios para mais duas ou três sessões individuais por semana.

 

Achados do estudo

 

Os participantes do estudo demonstraram um crescimento significante no percentual de dias em abstinência, tanto para uso de álcool quanto para drogas, ao final do tratamento.

Aqueles que participaram de ao menos 75% das sessões de exercícios mostraram uma resposta melhor ao tratamento do que os pacientes que não atingiram essa frequência.

A análise também apontou um aumento em sua resistência cardiorrespiratória ao final do tratamento.

Ainda que o estudo seja preliminar, foi um dos primeiros a mostrar os efeitos positivos do exercício no tratamento de dependências e abre caminho para análises mais aprofundadas com um número maior de participantes, grupos de controles e outras técnicas de estudo.

 

Por que os exercícios físicos ajudam

 

Logo no início do tratamento de dependências, o paciente tem de lidar com alterações químicas dentro do seu corpo, como: a queda de produção e de receptores de dopamina que influenciam na sua capacidade de ter sensações de prazer e, consequentemente, trazem distúrbios no humor.

Os exercícios ajudam a regular a dopamina no corpo, amenizando esses distúrbios num momento em que a fissura – a necessidade intensa em consumir a substância – possui um dos níveis mais críticos, e com isso reduzir o risco de recaída.

Os exercícios ainda são constantemente associados à redução de sintomas de depressão, ao alívio de distúrbios do sono e ao aumento da capacidade cognitiva, fatores também importantes para evitar que o paciente volte a fazer uso da substância que está tentando superar.

 

Referência bibliográfica

 

A pilot study of aerobic exercise as an adjunctive treatment for drug dependence

Richard A. Brown a, *, Ana M. Abrantes a, Jennifer P. Read b, Bess H. Marcus c, John Jakicic d, David R. Strong a, Julie R. Oakley e, Susan E. Ramsey f, Christopher W. Kahler g,
Gregory L. Stuart a, Mary Ella Dubreuil h, Alan A. Gordon h

a Alpert Medical School of Brown University/Butler Hospital, USA b University at Buffalo, The State University of New York, USA
c Program in Public Health, Brown University, USA
d University of Pittsburgh, USA

e The Westerly Hospital, Westerly, RI, USA
f Alpert Medical School of Brown University/Rhode Island Hospital, USA g Center for Alcohol and Addiction Studies, Brown University, USA
h Butler Hospital, USA.

 

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